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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

ENTRE MIM E MEU SONHO HÁ UM RIO



Quando abri a janela pela manhã

Senti leve brisa beijar minha face,

Pensei no meu sonho e vi que entre

Ele e eu há um rio suponho esperando

Para o banho matinal em suas águas,

Lavar meu corpo do pecado e das mágoas.


Rio que corre sem fim,

Desde a infância circulo por suas margens,

Da janela do paiol vejo o caminho das águas

Que descem no fundo da horta, serpenteando

Leito abaixo, levando quaresmas que caem.


Com os olhos sobre as águas penso no

Passado, viajo e medito sob o teto onde habito

E esse rio sem fim não quer levar minhas mágoas

Correm de mim com a velocidade que têm.


Saudades do tempo de outrora!

Meu silêncio fala, o pensamento voa,

O soluço preso na garganta, calado entoa canção

Que destoa, mágoa abrindo chaga que nunca fechou

E sangra cheia da dor da saudade e decepção.


O telefone não toca, ninguém me chama

E se chama é só para reclamar, não me reclama,

Não me ama nem nunca me amou, não tenho ninguém...

Passei por eles como um eco e hoje me perdi

Rumo ao desconhecido, nenhuma luz, nenhum ponto

Para referência, meu nome nem se lembram mais.


Sonho que sonho, rio entre mim e meu sonho

Não consigo passar suas margens, ir além

aquelas viagens de criança a procura de alguém que dormiu,

acordou e esqueceu que sonhou!


Marta Peres

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