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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

LEMBRANDO CLARICE_____BASILINA PEREIRA

LEMBRANDO CLARICE

Em homenagem à Clarice Lispector, maga da linguagem.

Procuro um verso muito simples e nu
assim, como um sopro de vida,
não precisa falar de amor
pois o amor fere como uma cascata azul.
Quero um verso estrutural,
não é para ser entendido,
mas precisa ser vivo e ultrapassar
a felicidade clandestina.
Sei que este verso não está em mim mesma,
mas tornou-se uma obsessão...
Sigo a via-crucis do corpo, respirando mágoas,
embriagando-me no escuro da maçã,
em busca da fatalidade: um delírio imitando a rosa.
Tenho medo do poema e das palavras,
sinto um arrepio doce, que fere a alma,
como a lágrima aflora e molha sem verter.
Vislumbro a hora da estrela: sinos tocando,
a vida que desfila em água viva
e sempre perto do coração selvagem.
O verso que persigo é mágico
E saltita num labirinto de letras,
querendo ligar as rimas à emoção.
Mas só encontro o verso mudo
como o tempo submerso na memória,
que vai além das vibrações
e se mesclam ao avesso do lilás
Mesmo adormecida, quero coerência, liberdade,
o lustre imitando a rosa, incandescendo....
Ah! esse verso...insiste em fugir de mim
feito miragem atrás da neblina.

Basilina Pereira

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