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terça-feira, 4 de março de 2008

PÁSSARO FERIDO___HELENA LINS

Voei,Voei,Voei!...
E ao infinito cheguei
Cheguei ao vazio
O buraco negro
Um vácuo sem luz
Onde impera a escuridão
Minhas penas encharcadas
Das lágrimas que derramei
Pesadas ficaram
Dificultando meu voar
Não sei para onde vou
Nem se um dia vou chegar
Numa gaiola de ouro vivi
Prisioneira do meu cantar
Tive comida farta
Água até para nadar
E todos admiravam
O meu límpido cantar
Um dia fui ficando cansada
Não queria mais cantar
Pois o que realmente queria
Era ter livre o meu voar
Eu não tinha liberdade
Eles aos poucos me matavam
E nem ao menos percebiam
Pois a vaidade rotineira dos seres humanos
Um segundo não perdiam para me olhar
Mas um dia a porta aberta alguém esqueceu
E como um milagre rumo a liberdade voei
Voei por muitos lugares
Mas nada que vi me agradou
Não existe mais pureza no ar
Nem as crianças escaparam
Da maldade do ser humano
Elas hoje brincam de matar
E foi numa destas brincadeirinhas
Que com uma pedra
Uma delas me acertou
Feriu-me profundamente
Mas nem por um minuto me olhou
Simplesmente foi embora
Deixando para trás mais uma ave que ela matou!...

Helena Lins-03-03-2008

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