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domingo, 29 de março de 2009

KÔBUL___MARIA DO CARMO BARCELOS

Um dia você entrou na minha casa
por uma carta... Kôbul tinha o povo
mais digno, jamais visto... assim você entrou na minha casa...
A minha geografia não fora tão longe para trazer você a mim.
Foi a carta...
Imaginei...Kabul...o povo mais digno...Afeganistão...
Tão distante...
Pensei em você mesmo sem lhe conhecer...
Eu nem mesmo sabia direito onde lhe encontrar...
Agora Kôbul...aqui estou
na sua pulsação, no seu coração...
a primeira neve ... o primeiro grande frio...
da janela vejo um pouco das suas casas, da sua gente...a mais digna.
Eu não sabia como caminhar por suas ruas...tinha medo
de não ser o que você queria
de mim...
Envolvi meu corpo com muitos panos...como afghani.
Tinha frio...Coloquei o “tchadór”.
Aqueci-me e me encorajei e saí
tímida...não importa...
decidida...
Queria ver seu rosto perto
do meu.
Tive medos.
Meu corpo tropical esfriou, entonteceu...
Mas agora percebo devagar seu sentimento,
Apalpo seus muros furados por balaços de canhões,
tateio seus botões de rosa aguardando o calor,
para florescer...
Acaricio seus animais da rua, suas crianças, com os olhos...
Sua gente, seus pássaros, suas montanhas, sua neblina,
sua neve, seu sol, sua destruição e seu renascimento...
com os olhos...
Kôbul...Salâm...

Kabul/março/2005

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