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sábado, 6 de março de 2010

INTROSPECÇÂO____MARA ARAUJO


Deixa-me assim quieta nos intervalos, não quero aglomerações, fala e gestos carregados. Tenho fases agudas de introspecção e silencio onde, até eu sou obrigada a respeitar. Não há como ultrapassar, como invadir esse limite de gelo, onde um olhar sério me espreita de dentro para fora, com uma gravidade que não me arrisco a entender. Enlace, estado que não avisa quando começa e nem quando termina, apenas chega e instala-se por direito. Densa floresta interna onde todas as coisas discutíveis se aninham como se hibernassem, num estado profundamente conhecedor, além, muito além de todas as palavras e de toda a nossa estúpida dimensão humana. Caminho quieta, à parte, nem alegre nem triste, dentro de uma lucidez de profundo respeito. Deixa-me assim quieta, sem peso... Enquanto os pássaros dormem

Mara Araujo

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