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terça-feira, 6 de abril de 2010

ESSA MULHER___MÁRCIA REGINA de ARAUJO DUARTE


Alucinada e fria, me desconcerto no teu olhar.
Virgem perdida na prostituição social.
A moral camuflada que desonra na máfia copiosa do Ser.
Ultrajante moral escarnecida que pratica o mal na desculpa do bem.
Sociedade despudorada em suas máscaras angelicais.

Divino Ser infernizante que sou
acompanhada de fogo e tambores revoltados,
retumbante e desesperada pela aclamação marginal.
O certo e o errado que nunca se juntam,
porém separados jamais estarão.

Assim, o que sou...
Oposta e contraditória vou fazendo o meu lema,
onde amor e ódio nascem do mesmo ventre corrompido.
Viagem transcendental que purifica o bestial.
Rigidez consumada e inefável no afeto.
Relações tortas e descompassadas na multidão.

Eu esbravejante, que num grito de dor pari o Si-Mesmo,
meu Self invisível e intocável na eternidade do vir-a-ser.
E vocês olhando assustados a esse nascimento imperdoável,
surpresa enganosa de poesia romântica.
a esperança de um equilíbrio final e mortal.

Mas, não! Nunca!
Jamais a virgem se mostraria tão nua como aqui:
Bela e simples em sua pureza magistralmente revoltada.
Natureza rebelde de fala incongruente,
sem ser inconseqüente lhes mostro a verdadeira alma.
Mudanças externas de vestes e ornamentos
não poderiam me esconder totalmente.

É só o coração falar, e pronto!
Lá vem fumaça negra e labaredas altas.
O silêncio foi longo, porém a alma nunca se calou.
O que é da natureza do homem nem Deus pode tirar.
Quem são vocês que pensaram em me calar?
São meus amores que expresso pelo olhar,
que jamais se apagarão desta alma mulher.

O ânimus pode lhes aliviar,
mas a personalidade jamais lhes acariciará
aceitando esse afeto mundano
de que por hora vim lhes falar.

Selecionada para o Anuário Brasileiro de Poesia de Laís costa Velho – 1996

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