Poeta----Mauro Veras
Trago na alma um nome
que não me foi dado no batismo,
e que é como um sinal de nascença
que não nasceu comigo,
e que faz de mim a fome
de morrer a cada passo,
que é como procurar na ausência
o compasso, o ritmo e o prumo perdidos.
Um nome estampado no desequilíbrio,
no vago ponderável do que foi vivido
e nas teias emaranhadas de porvir.
E que por ser mais que eu mesmo,
com minhas vontades a desfeito,
todos os dias eu me transforme neste nome.
Não importa onde atirei o meu.
Nem se tive um nalgum dia,
se no augúrio dos ventos, quem diria,
tudo no vazio se perdeu.
E derramo ignomínia para meus pais,
capitão de um navio pirata
à procura de um cais,
nas marés em que navego o mar que me navega,
na mistura de mim mesmo
com as galés, tempestades e destinos.
E tendo a dimensão do imensurável,
a dor deste nome a tudo e a nada desperta,
nas vozes que insistem em fazer morada
nesta alcunha desmesurada de Poeta!
Mauro Veras
Do meu livro "Vozes de outono", de 2003.
que não me foi dado no batismo,
e que é como um sinal de nascença
que não nasceu comigo,
e que faz de mim a fome
de morrer a cada passo,
que é como procurar na ausência
o compasso, o ritmo e o prumo perdidos.
Um nome estampado no desequilíbrio,
no vago ponderável do que foi vivido
e nas teias emaranhadas de porvir.
E que por ser mais que eu mesmo,
com minhas vontades a desfeito,
todos os dias eu me transforme neste nome.
Não importa onde atirei o meu.
Nem se tive um nalgum dia,
se no augúrio dos ventos, quem diria,
tudo no vazio se perdeu.
E derramo ignomínia para meus pais,
capitão de um navio pirata
à procura de um cais,
nas marés em que navego o mar que me navega,
na mistura de mim mesmo
com as galés, tempestades e destinos.
E tendo a dimensão do imensurável,
a dor deste nome a tudo e a nada desperta,
nas vozes que insistem em fazer morada
nesta alcunha desmesurada de Poeta!
Mauro Veras
Do meu livro "Vozes de outono", de 2003.
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