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segunda-feira, 21 de março de 2011

Poeta----Mauro Veras

Trago na alma um nome
que não me foi dado no batismo,
e que é como um sinal de nascença
que não nasceu comigo,

e que faz de mim a fome
de morrer a cada passo,
que é como procurar na ausência
o compasso, o ritmo e o prumo perdidos.

Um nome estampado no desequilíbrio,
no vago ponderável do que foi vivido
e nas teias emaranhadas de porvir.

E que por ser mais que eu mesmo,
com minhas vontades a desfeito,
todos os dias eu me transforme neste nome.

Não importa onde atirei o meu.
Nem se tive um nalgum dia,
se no augúrio dos ventos, quem diria,
tudo no vazio se perdeu.

E derramo ignomínia para meus pais,
capitão de um navio pirata
à procura de um cais,
nas marés em que navego o mar que me navega,
na mistura de mim mesmo
com as galés, tempestades e destinos.

E tendo a dimensão do imensurável,
a dor deste nome a tudo e a nada desperta,
nas vozes que insistem em fazer morada
nesta alcunha desmesurada de Poeta!


Mauro Veras


Do meu livro "Vozes de outono", de 2003.

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