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domingo, 15 de agosto de 2010

EMERGIR___MARIA VALÉRIA REVOREDO


Este sentir indomável
que trago dentro de mim
é quem me faz, insaciável,
transformar pedras em jardim.

Onde há espinhos
suponho flores.
Fecham caminhos,
vejo-os em cores.

Se me tiram o sono
acordada eu sonho.
Se ferir o abandono
mais versos componho.

E o lapso de tempo – perdido -
entre o sentir e o refazer
encontra-se sabendo não ser medido
como o comum, a transcorrer...

Ele tem vida e gira em voltas
que nem a lua ousa entender.
Ele é tão curto! E tão extenso...
que tem o nome próprio de Ser.

E afinal, este sentir...
é o que anima todo viver.
Se pedras e espinhos fossem
somente vistos como tal
não haveria nenhum motivo
para não me tornar seu igual.
Assim... retorno de mim
como quem tira da água o sal.
Seguindo uma trilha sem fim...
pintada em tela mental.

Onde a jardins ou pedras continuo
doando cores que nem possuo.
Regando flores que imagino.
Usando forças que não domino.
Intuindo aquilo que entrelaço.
Por entre nós que eu mesma desfaço.

Maria Valéria Revoredo

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