quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Seu nome completo é Dalmo Saraiva Rocha . Saiu do mato e veio para a cidade em busca de sua segunda sombra, mas logo viu que a felicidade não tem sombra. Formado em Educação Artística e Comunicação Social, tem cursos de teatro no Reator e Cal, ambos no Rio de Janeiro, cidade onde reside. Já publicou “Urubu” e o livreto “Zoiudo foi pro Beleleu”. Publica regularmente o folheto “Feijão com Arroz” e tem pronto pra publicar o livro “Santo de calça não faz vinagre”. Poeta e ator, tem participado dos espetáculos do Grupo “Poesia Simplesmente” e estreou no Congresso Brasileiro de Poesia no ano de 2005. É adorado pelas crianças das escolas de Bento Gonçalves e mora no coração de todos os poetas que o conhecem. Enfim, este é Dalmo Saraiva, antigo da Rocha, o que apagou o fogo e acendeu a tocha. Difícil escrever sobre Dalmo,melhor conhecê-lo;qualquer escrita ou elogio sempre "bastante" muito pouco,para uma alma de poeta/palhaço/nobre!
COMUNHÃO____DALMO SARAIVA
Ajuntar amigos, não correr perigos;
Deitar no mato, não desafiar o tempo;
Semear a voz, colher palavras;
Cortar o mal, viver o bem;
Andar sem rumo, buscar uma direção;
Fechar os olhos, abrir a visão;
Sentar no deserto, imaginar uma floresta;
Beber a água, irrigar plantações;
Sentir o medo, avançar com coragem;
Se perder no dia, se achar na noite;
Naufragar no mar, descobrir oceanos;
Rasgar o pano, fazer um manto;
Cortar a terra, descobrir o universo;
Unir o verso, formar um poema;
Agrupar crianças, educar os homens;
Apanhar da vida, morrer tranqüilo;
Colher a fruta, plantar a semente;
Filtrar o sono, dormir tranqüilo;
Sonhar com a guerra, acordar em paz.
Dalmo Saraiva
terça-feira, 21 de outubro de 2008
QUEM É JORGE VENTURA
Nascido no Rio de Janeiro, Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Um dos Diretores de Comunicação Social do SEERJ (Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro), já publicou em poesia e prosa, Turbilhão de Símbolos (2000) e Surreal Semelhante (2003), pela Imprimatur – Rio de Janeiro, tendo conquistado importantes prêmios literários e de interpretação. Lançou em 2006, seu primeiro ensaio jornalístico, Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV, pela Opera Graphica Editora – São Paulo. Sua poesia está presente também em dezenas de antologias cariocas. Trabalhou em jornais e revistas, assinando artigos e colunas. Dublou novelas e atuou em peças teatrais, além de encenações poéticas e curtas-metragens. Diretor de Criação e redator publicitário, hoje é professor de Comunicação e consultor de marketing de diversas empresas.
CRIAÇÃO___JORGE VENTURA
Eu (poeta fogoso)
literalmente me excito
quando exercito
em cima da rima – nativa.
Ela (palavra mestiça)
me atiça como o vento à brasa.
literalmente me excito
quando exercito
em cima da rima – nativa.
Ela (palavra mestiça)
me atiça como o vento à brasa.
E se é noite rasa,
fecundo
fundo
o poema
: entrega extrema
(folha branca sob a pena).
fecundo
fundo
o poema
: entrega extrema
(folha branca sob a pena).
Faço nascer a obra (dadivoso)
e peço silêncio à sílaba lírica
para que ouça, atônica, o meu gozo
e peço silêncio à sílaba lírica
para que ouça, atônica, o meu gozo
Jorge Ventura
ELE___JORGE VENTURA
É ele
o miserável da tarde,
o covarde baldio
antes do sepulcro.
o miserável da tarde,
o covarde baldio
antes do sepulcro.
É ele
o descartável da vida
sobre a pedra vadia,
eleita seu fulcro.
o descartável da vida
sobre a pedra vadia,
eleita seu fulcro.
É ele
a refutável existência,
o Louco da Silva
fartado de sonhos.
a refutável existência,
o Louco da Silva
fartado de sonhos.
É ele
a adorável vítima,
marginal enigma
de final tristonho.
a adorável vítima,
marginal enigma
de final tristonho.
É ele
a aplacável glória,
vilão da estória,
inocente e absorto.
a aplacável glória,
vilão da estória,
inocente e absorto.
É ele
o memorável homem,
ante a face do espelho
a refletir o morto.
o memorável homem,
ante a face do espelho
a refletir o morto.
Jorge Ventura
MARIONETES___JORGE VENTURA
Existe entre nós
um par com duas pontas.
Cada qual com dois prós,
cada qual com dois contras
um par com duas pontas.
Cada qual com dois prós,
cada qual com dois contras
Puxa-se uma corda daqui,
outra dali,
mãos e pernas atrapalham-se
emaranhados
em movimentos manipulados,
sabe Deus por quem
outra dali,
mãos e pernas atrapalham-se
emaranhados
em movimentos manipulados,
sabe Deus por quem
O vaivém dos gonzos
range aos limites estipulados,
em meio a trapos, farrapos
e desculpas esfarrapadas
Duas marionetes sem brio
e a relação por um fio
range aos limites estipulados,
em meio a trapos, farrapos
e desculpas esfarrapadas
Duas marionetes sem brio
e a relação por um fio
Jorge Ventura
A CASA____JORGE VENTURA
Quando adentrei pela primeira vez naquela casa,
as paredes nuas (re)vestiram-se de longa lembrança
no regresso ao passado insólito. Voltei a ser criança
pelo corredor do tempo, diante da saudade que embasa
as paredes nuas (re)vestiram-se de longa lembrança
no regresso ao passado insólito. Voltei a ser criança
pelo corredor do tempo, diante da saudade que embasa
inda hoje o meu sofrer. Ah! Quantos lêmures percebi:
senhores dos sótãos e porões, imêmores ancestrais!
Ao circunvagar o olho por mobílias, louças e castiçais,
sonhei amores, crimes e conquistas. Quantas vidas vivi?
senhores dos sótãos e porões, imêmores ancestrais!
Ao circunvagar o olho por mobílias, louças e castiçais,
sonhei amores, crimes e conquistas. Quantas vidas vivi?
Se lá morei, não sei.
Se lá morri, pode ser.
Onde minha saga perpetuarei?
Se lá morri, pode ser.
Onde minha saga perpetuarei?
Bem habitada ou mal assombrada,
reconheci, ao padecer,
aquela casa tão somente abandonada
reconheci, ao padecer,
aquela casa tão somente abandonada
Jorge Ventura