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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Não É Este O Meu Ofício __Cacau Luik

NÃO É ESTE O MEU OFÍCIO 25/09/2006


Eu não exijo a perfeição de ninguém, a não ser a minha.
O sim e o não são responsabilidades que assumimos
diariamente com o outro.
Na escalada da vida eu desejo compromisso. Tenho um
pacto comigo, de ser sincera para com aqueles que amo
seja fraternamente ou solidariamente.
Já nos disse um grande homem: “... Não pretendo
ser um imperador, não é este o meu ofício...”
Contudo, nesta real existência que nos chama constantemente
às amplas liberdades, precisamos aprender a sermos reis e súditos.
Deixemos, pois, o orgulho, o egoísmo e o descaso para os
acomodados de espírito, estes sim, peregrinarão por muito
tempo em caminhos humanos, políticos ou religiosos,
sei lá!... E nós sabemos como humanóides o que verdadeiramente
somos...
Divinizemo-nos sem pieguices, olhando o próximo como irmão,
colocando-nos em seu lugar, posto que as vias que nos chamam
a viver são mais do que o aqui e agora.
Não nos espelhemos, portanto, nos exemplos que infelizmente,
nos vêm de cima.
Os parâmetros que os meus avós, os meus pais e os
meus mestres colocaram para a minha vida são tesouros
que para mim nunca tiveram enterrados.
Eu abro o meu baú de sonhos, esperanças e desejos todos os
dias para que eu antes de ser servido, possa servir.
Por isto, fiz-me poetisa, pela ideologia de que um mundo
melhor possa ser construído, primeiramente, através de
mim mesma, por meio de pequenos atos no dia-a-dia. Assim, eu
estou convencida de que podemos nos transformar e transformar
a realidade que nos cerca.
Esta esfera terrestre na qual habitamos é somente um degrau
na escada de nosso aperfeiçoamento moral, nisto eu acredito.
É por isto, também, que ela merece respeito, cotidianamente
necessita de cuidados.
Nós que somos os maiorais no gênero animal estamos há
muito tempo olhando o mundo e as pessoas a partir de
nossos rasos umbigos, e estes não têm cérebro, nem coração.
Somos seres carentes de afeto, justamente porque somos parcos
em amor, não sabemos dar. Porque nada damos, além de nossa
falta de educação, de nossas caras amarradas e falta de caráter.
Somos pobres em espírito e antes de qualquer outra necessidade,
somos escassos em tolerância, em benevolência, quiçá de esperanças.
Não sabemos o que é justiça, tampouco, direitos e deveres.
O que vivemos hoje em nosso país, seja em termos políticos, sociais
ou religiosos é o reflexo do espelho que plasmamos para nos ver.
Por conseguinte, somos responsáveis pela violência que nos cerca
e ilha-nos, tornando-nos prisioneiros dentro de nossas próprias
casas, de um ambiente político que discursa pela democracia e
nos obriga a ir as urnas votar, de um sistema militar que nos obriga
ao alistamento, enfim, todas estas pseudoliberdades que vão
nos enfiando na cabeça e por goela abaixo.
Fica aqui a minha indignação diante da impassividade de um povo
cheio de história e que tem tudo para dar certo já faz pouco mais
de quinhentos anos. E cheio de história, digo, não é ser afeito a contar
causos e piadas, até porque hoje no mundo somos “a piada.”
Hoje tenho vergonha de ser brasileiro, mas, sou patriota, paradoxos
de quem foi embalada pelos versos de Gonçalves Dias, pelos escritos
de Rui Barbosa e Coelho Neto.
E nós brasileiros que nos achamos tão expertos... Ainda acreditamos
que aqui em se plantando tudo dá?!

Cacau Luik

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