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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Iza Calbo


V


Avise-me quando não mais houver.

Lembre-me de que o açúcar acabou,

Mas há colibris sedentos lá fora.

Senta na rede antes de dormir

E conta histórias de não adormecer.



Cavalga indomável pelo meu dia

Sem laços



E invertebra-te na tua pálida desilusão.

Diz que foi

Que eu acredito.



Diz que vem

Que eu não espero.



Faz do sol a lua do acalanto

E esquenta, sem vontade,

O dia de logo mais.

Cala,

Ainda que não consintas.



Avisa, pela manhã,

Que acabou.



Explica os anos que passaram

Arrumando as malas

E confessa que o tempo não rasgou nada além que o relógio.



Antecipa a ausência

Porque a ausência vem junto com a doçura dos primeiros olhares e beijos.



Sai.

Busca na rua um rosto que não está

E, feito isso, enlaça outra pessoa nos braços

E faz as mesmas juras de sempre

Para depois quebrá-las sem causar espanto.


Só mágoa.


Iza Calbo


* Este poema, o V, referente ao AMOR, integra o livro inédito Os Oito Pecados Captados. Iza Calbo é jornalista e escritora e tem publicado Capítulos (contos, 1998).

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